sábado, 16 de março de 2013

Portugal tira negativa no 7º teste do período

Dia em que o Ministro das Finanças vai falar é dia de cobrança. É daqueles dias em que devia ser decretada a gratuidade dos antidepressivos. A coisa já nem lá vai com ferraduras na porta.

Esta sexta-feira confirmaram-se os cenários que toda a gente trazia para cima da mesa, exceto o governo e a Troika, curiosamente são estes que nos governam. A falibilidade das previsões é gritante, e não chega atirar culpas para fatores exógenos. Até porque várias instituições fizeram as mesmas previsões, com acesso aos mesmos dados, e aproximaram-se muito mais da realidade. Parece que Vitor Gaspar tem de mudar de modelo.

A única utilidade do escrutínio internacional é não permitir que os governos utilizem contabilidade criativa para nos atirar areia para os olhos. E é aqui que entram aqueles números assombrosos. O défice do ano passado fechou afinal nos 6,6% (eram 4,9% no final do ano), o desemprego para 2013 afinal será de 18,2% e, a certa altura, tocará nos 19% (era 16,4% por altura da 5ª avaliação), a recessão, para o próximo ano, é afinal de 2,3% (era cerca de 1% na altura da construção do orçamento). Esta disparidade ainda se deve refletir melhor num orçamento de estado completamente desfasado da realidade (para pior). Estamos, portanto, a gastar mais do que devíamos, daí que agora faça imenso sentido o famoso corte de 4000 milhões a incidir sobre a despesa do estado.

É inacreditável que a oposição não consiga capitalizar o descontentamento crescente numa sociedade em queda livre. Esta sétima avaliação foi, por isso, uma espécie de lufada de ar fresco na cena política portuguesa. E nem só para a oposição, até já Cavaco Silva aparece em público (imagine-se!) a demarcar-se do governo. Mas, ainda melhor, foi o escudo utilizado pelo PSD, Miguel Frasquilho teve coragem de afirmar que o programa de ajustamento original é que afinal foi mal desenhado. Será que já se esqueceu quem negociou e assinou esse documento? Acho que ninguém se esquece d’As Aventuras de Teixeira & Catroga. Se era só para inventar uma desculpa, podia ter ido por uma mais clássica e mais difícil de refutar, as contas estão erradas porque o cão comeu as folhas do Gaspar!