sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Mercados, Défice e o PS

Chega ao fim mais uma semana de muita turbulência política. Iniciou-se com o governo em alta e a oposição a continuar com os tiros nos pés. A janela que se abriu com o sucesso da ida aos mercados e o cumprimento (artificial em boa verdade) do défice para este ano trouxe uma lufada de ar fresco e margem de manobra ao executivo. Vítor Gaspar pôde finalmente pôr verdes nas suas folhas de excel.

A realidade é que existem duas leituras. Por um lado, significa o quebrar de uma barreira psicológica que, pelo menos, permitiu que empresas portuguesas se financiassem também, nomeadamente o BES, CGD e a EDP, abrindo possivelmente as portas para próximas. Serviu também para desmistificar um pouco a influência das agências de rating que mantiveram a classificação de “lixo” e perspetivas negativas tanto antes da operação se realizar como depois. Isto apesar do juro pago por Portugal ser substancialmente menor que os 6,4% em Fevereiro de 2011, a taxa fixou-se nos 4,891%. Por outro lado, existem os argumentos de que o sucesso se deveu sobretudo à intervenção do BCE.

No fim de contas e no seguimento da avalanche de notícias negativas, o facto de, artificialmente ou não, haver finalmente uma positiva, sabe a suspiro de alívio.

Era pois a pior altura para no seio da oposição despoletarem crises internas e debates infrutíferos. A verdade é que o que a disputa de calendários políticos iniciada por Silva Pereira, antigo ministro de José Sócrates, precisamente no dia em que o governo se vangloriava com a operação de financiamento, continuou. E não continuou de qualquer maneira, achincalhou-se bem na comissão política do PS, marcada por palavras como “deslealdade” e “irresponsabilidade”. Era, na verdade, a altura de atacar os fracassos deste governo. O desemprego, o rendimento das famílias, o consumo interno, as empresas, a economia. A preocupação com as finanças tem esquecido a bola de neve que se está a criar no lado real do País. E é aqui que o debate se tem de centrar. E fora do sound bite do crescimento económico que até Cavaco já utiliza! É como se vai fazer que o País quer saber!