domingo, 28 de abril de 2013

Liberdade para Antidemocracia

Esta semana houve feriado em Portugal, um dos que ainda se mantém. Festejámos o dia da liberdade, os líderes discursaram sobre crise, austeridade e crescimento. Não sei se o espírito de Abril está ou não esquecido, mas o facto é que pouco se falou disso.

A Europa deve relembrar acerrimamente estes ideais, sobretudo numa altura destas. Esquecer é bom remédio para se cometer erros do passado. O descontentamento geral está a ser capitalizado por movimentos com ideias pouco democráticas. A extrema-direita está a ganhar eleitorado sobretudo no centro e norte Europeu.

Na Holanda chegaram ao Governo e têm deputados no Parlamento Europeu. Isto sabendo que o seu líder considera a adesão da Turquia à UE uma “islamização catastrófica” da Europa e compara o Corão ao Mein Kampf de Adolf Hitler.

Na Hungria o caso parece mais grave. No ano passado um deputado do partido ultranacionalista Jobbik (17% nas últimas eleições) propôs que se registassem todos os Húngaros de origem judaica por serem uma “ameaça à segurança nacional”. Um dos fundadores do partido conservador Fidesz, que se encontra, desde 2010, no poder e com maioria absoluta (!), definiu os ciganos como “animais que não deviam existir” e escreveu que o atropelamento de uma criança cigana é aceitável, desde que “não se pense em parar e se acelere a fundo”. Tudo isto num país em que recentemente foi ratificada uma reforma constitucional que integra no documento oficial da nação condenações ao comunismo e à homossexualidade, limita os poderes do Tribunal Constitucional e ilegaliza os sem-abrigo (incorrem em pena de multa ou mesmo prisão).