quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ruas da madrugada

Acordou, sol de inverno e crise lá fora. Desarruma os lençóis, põe música alto, dança sozinho e desajeitado, é o desnorte da manhã cedo. O ar está frio e o corpo deixou o calor na cama. Afasta os cortinados, mar e rio misturam-se no lusco-fusco que dita a madrugada. Empurra os filhos com a pressa de patrão, hoje vamos mais cedo que o pai vai dar sangue.

Acordou, sol de inverno e crise em todo o lado. Desarruma os lençóis, canta alto e desafinado a música que ouviu, toda a semana, na boleia de todos os dias. Dança sozinho e desajeitado, é o desnorte da manhã cedo. O ar está frio e o corpo deixou o calor na cama. Abre a persiana, o prédio vizinho ainda dorme, lá em baixo, o vento vai varrendo piscas, garrafas, a sobra da noite anterior. Empurra os filhos com as mãos calejadas, hoje vamos mais cedo que o pai vai dar sangue.