domingo, 4 de dezembro de 2011

Solidariedade e comunicação

Num período em que o número diário de dadores de medula aumentou de 5 para 500 devido ao muito falado caso de Gustavo, filho do futebolista Carlos Martins, e os pontos de recolha de alimentos para o Banco Alimentar se encheram de sacos com bens essenciais á sobrevivência de muitos, importa debruçarmo-nos um pouco, até porque estamos numa altura propícia para isso, sobre o tema da solidariedade em Portugal.
Tenho para mim, por muitos casos que tenho visto, que os portugueses são capazes de ser solidários quando são chamados a isso. E com isso não podemos deixar de ficar satisfeitos. Para além dos casos que mencionei, muitos outros a nível nacional (como por exemplo as inúmeras campanhas decorrentes da tragédia na Madeira) ou local (lembro-me por exemplo, do excelente resultado da Caminhada da Mulher em Viana do Castelo, que mobilizou mais de 1000 mulheres e angariou mais de 2000 euros para o Gabinete de Apoio á Família) provam que não falta por aí gente que esteja disposta a contribuir. Mas a maior parte desses casos tiveram um denominador comum: Um apelo maciço através da Comunicação Social e das redes sociais.
Nós, portugueses e não só, não parecemos ser muito proactivos na altura de procurar ajudar quem precisa, porque no nosso comum dia-a-dia estamos mais preocupados em congeminar formas de fazer esticar o dinheiro até ao fim do mês, em saber o que vamos fazer para jantar, em tratar da criançada, etc. Preocupamo-nos tanto com as nossas coisas que acabamos embrenhados no nosso pequeno mundo e isolados do exterior e dos problemas de quem mais precisa.
Isto não é por pura maldade, simplesmente são as consequências de vivermos no meio de uma sociedade que nos faz andar sempre a correr, sem tempo para parar para pensar em mais nada senão em nós. Uma tendência egoísta que a maioria segue, e que em alguns países chega a ter efeitos catastróficos (lembro-me de um caso passado não há muito tempo na China, onde uma criança de 2 anos foi atropelada por uma carrinha, e várias pessoas passaram por ela sem sequer pararem para a socorrer?).
Mas existem duas ferramentas que sendo corretamente usadas podem funcionar como elementos fundamentais no despertar de consciências: Televisão e Internet. Porque nunca nos separamos delas, e estão presentes na maior parte do nosso dia, em casa ou no trabalho. Então é por aí que as instituições ou as pessoas têm que atacar! E resulta, inúmeras correntes de solidariedade por pessoas em dificuldade foram formadas e deram muitos resultados porque simplesmente quem de direito tomou a iniciativa, divulgou o caso fez passar a mensagem.
Quanto melhor uma instituição de solidariedade publicitar o seu trabalho (através do seu site, ou de uma página no Facebook, por exemplo), mais ela é falada, e consequentemente melhores resultados pode tirar das suas campanhas. As pessoas sabem que elas existem, mas a maior parte não sabe nada sobre o seu trabalho o que elas fazem ou como as podem ajudar, nem vai lá bater á porta para perguntar.
Pensar assim está errado? Está! Mas não percamos tempo a tentar mudar a mentalidade de toda uma sociedade, ficando á espera que as pessoas venham ajudar do nada, ou a criticar a passividade e egoísmo da mesma. É tempo perdido, já sabemos que é assim, então temos é que jogar com as armas que nos dão. Usemos estas ferramentas das quais tanto dependemos em nosso favor, e em favor daqueles que ajudam os outros.
Quanto maior a divulgação, maior a ajuda! Então divulguemos!
You may say
I'm a dreamer, but I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one
John Lennon - Imagine