terça-feira, 6 de dezembro de 2011

" Busca, Passos. Busca!"

Na semana passada, ainda na ressaca da greve geral, pensei escrever sobre o desaparecimento misterioso do nosso Primeiro Ministro. Um líder político que não aparece num dia tão importante como esse, é um líder sem perfil. Nessa noite, Pedro Passos Coelho escondeu-se atrás das capacidades comunicativas de Miguel Relvas, aquele que, ainda o Governo não tinha dez dias, já era apontado como o homem mais influente de Portugal.

Numa postura muito semelhante à de Salazar, o super-ministro Relvas (neste governo todos são super), apressou-se a adoptar a estratégia que todos os Governos adoptam para descredibilizar uma mobilização deste tipo: tornar públicas percentagens de adesão à greve ainda mais ridículas do que as apresentadas pelos sindicatos.

As saudades que senti pelo primeiro ministro duraram pouco. Na verdade, mal ele apareceu na televisão, fiquei a pensar que, realmente, o melhor que Pedro Passo Coelho pode fazer pelo país, é ficar em silêncio. Neste momento Portugal não sabe muito bem quem é o seu timoneiro. As pessoas votaram a pensar que o Primeiro Ministro ia ser o líder do PSD, mas afinal, quem governa Portugal é o Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares. O que apesar de tudo, acaba por não ser tão grave como em Itália, onde as pessoas já nem sequer têm direito a escolher o seu governo: "Olha! Nomeia-se este que os mercados até gostam dele."

Por outro lado, enquanto em Itália a equipa governativa adoptou uma estratégia virada para a tragédia - muito bem encenada pela ministra que chorou ao apresentar as medidas de austeridade, como se as estivesse a ler pela primeira vez - cá os tugas viraram-se para a comédia! Não deve haver europeu que não ache hilariante a postura do Primeiro Ministro de Portugal, que sempre que tem oportunidade, vem a público dizer que os países devedores devem ser castigados, e que Portugal está nesta situação apenas e exclusivamente por culpa própria. Para os mais distraídos, esta é a opinião da França e da Alemanha, a mesma opinião que está a mergulhar a Europa num caos catastrófico e que vai, se nada mudar, levar ao fim da zona euro. Na prática, temos um Primeiro Ministro que defende os interesses da Alemanha, e não de Portugal. Depois do cão "Bo" fazer as delicias da pequenada na Casa Branca, temos agora outro diplomata português a brilhar no estrangeiro.

Mas este Pedro Passo Coelho não é um "gira-discos" qualquer. Ele não tem medo! Não tem medo da austeridade nem tem medo de greves. Não tem medo porque simplesmente não quer saber. Pouco lhe importa se as pessoas perdem o emprego ou ficam mais pobres. Na verdade, essa é a grande linha orientador que definiu para o país: empobrecer a todo o custo! Foi pena que essa estratégica económica não tivesse sido revelada antes das eleições.

E já agora, fica a pergunta: Para quê tanta austeridade?! O que vamos fazer quando o nosso défice for zero?! Já percebemos que esse é o objectivo, mas... e depois?! Será que alguém nos pode esclarecer? Tu não Gaspar, dás-me sono!