Sei que deves ver as notícias, sem piedade apelidam-nos de lixo e a Alemanha aproveita para nos varrer, a cada frase, para fora da União Monetária. É o sonho europeu em ruínas e eu só quero continuar a viver. Estou cansado de ser um matraquilho, sabendo cada vez mais, com o avanço do tempo, que Passos tem pouca destreza, é de autogolos para cima. Sabendo disso e conhecendo a frieza alemã na hora de decidir, Angela goleia sempre.
O Europeu a 17 tem a Alemanha como líder isolado e os PIIGS (acrónimo em crescendo) sob a linha de água. Torneio que se antevia competitivo, tornou-se uma luta a dois, ainda assim desigual, sucumbência francesa. Os analistas já dizem, o lanterna vermelha não tem salvação, desce de divisão. Logo acima da Grécia estamos nós, Passos, pouco hábil, dificilmente assegura a manutenção.
Só há um senão em regras tão escrupulosas, quem descer já não jogará mais o campeonato do mundo, no fundo, o certame desportivo que interessa. Esquecemo-nos que a saúde europeia não é só interna, viverá muito da sua coesão perante o exterior, evidência que se provará num futuro não tão longínquo. Assim, quando a União Europeia se apresenta nos ditos campeonatos, mundiais entenda-se, tem de contar com todos os seus elementos. A beleza dos matraquilhos é a democracia inerente aos seus protagonistas. Não existem países importantes, Sarkozy, em representação da sua França, pode ser goleador estando nos três da frente, substituindo-o por Rajoy, manter-se-á a perícia e qualidade ofensiva. Na verdade, ela só depende de quem comanda, a UE.
A essência de uma União Económica e Monetária é essa, parceria na hora de concorrer com gigantes asiáticos em crescendo, Índia e China, e poderosos instalados como os EUA ou o Japão, todos pesos pesados na arte dos matraquilhos e não só.
Victor Hugo em 1849 escreveu, “Chegará o dia em que todas as Nações do Continente, sem perderem a sua qualidade distintiva e a sua gloriosa individualidade, fundir-se-ão estreitamente numa unidade superior e constituirão a fraternidade europeia. Chegará o dia em que não haverá outros campos de batalha para além dos mercados abrindo-se às ideias. Chegará o dia em que as balas e as bombas serão substituídas pelos votos”. Hoje estamos a perder esse dia.