quarta-feira, 30 de novembro de 2011

"A volta ao mundo em oitenta dias"

Somos povo de um país de história, de períodos bravos de conquista e revolução, audácia marcada em cada um de nós. Talvez ainda desse tempo venha a claustrofobia, não patológica entenda-se, mas cultural. Cosmopolitas, sempre o fomos e procurámos ser, ignorámos fronteiras naturais ou impostas, emigrámos, quando pudemos, em fuga de um país pobre em valores e oportunidades. Cultivai o que é nosso, o que nos representa e dignifica, a nossa diáspora importa, mas importa mais quem ficou a remar contra a maré.

Claro que o mundo é global, prova disso são os quilómetros feitos pelo nosso errante Ministro dos Negócios Estrangeiros, tantos por dia quanto o comprimento de Portugal. Qual vendedor ambulante, EDPs e RENs na sacola e lá vai ele.

Aventuras e desventuras de um personagem épico, quanto a mim, com vontade de vivências de outros tempos, uma certeza, a inspiração é conhecida. Não se pense que é novidade, são hábitos inveterados. Perceba-se a vontade de Portas olhar o mundo de perspetivas diferentes, sonhos reservados a qualquer humano, pulamos e avançamos todos. Julio Verne ficcionou um Capitão Nemo escolhendo o seu submarino como forma de vida, “vinte mil léguas submarinas”, ele, ainda enquanto Ministro da Defesa, comprou dois. E não o deixaram ser capitão de nenhum! Perseverante é o que persegue sem descanso a sua vontade, a oportunidade espreitou novamente e lá foi ele fazer de Phileas Fogg. Verne imaginou o inglês a dar uma volta ao planeta em oitenta dias, em “A volta ao mundo em oitenta dias”, Portas não desilude no seu périplo e já lá vão mais de duas.

Critique-se o que se quiser, louvem-se as obras, compreenda-se o fanatismo acérrimo, são peripécias que todos gostaríamos de viver.

Diplomacias à parte, faltam resultados palpáveis e, como diria o saudoso Perestrelo, “é disso que o povo gosta”.