quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O Estripador de Lisboa

Serial Killers, um dos meus guilty pleasures. É um tema que aprecio e que me intriga na medida em que é complicado de entender como um ser humano consegue ser na maioria dos casos tão meticuloso, regrado e disciplinado no seu modus operandi e ao mesmo tempo não  consegue ter percepção entre o certo e o errado.

Já tinha lido no passado a história sobre este assassino em serie Português que voltou nos últimos dias à ordem do dia. Não foi o único que assombrou este belo País, a titulo de exemplo a ultima pessoa condenada à morte em Portugal foi um serial killer que simulava suicídios atirando as vitimas do Aqueduto das Águas Livres, o numero de mortes passou as setenta durante três anos.

Voltando ao estripador e à origem da alcunha. O nome vem do assassino em serie de Londres Jack The Ripper, Jack o estripador ou o estripador de Londres. As semelhanças não ficam só pelo nome já que também ele foi responsável pela morte de várias prostitutas e com um modus operandi semelhante, abrindo e removendo órgãos das vitimas enquanto ainda estavam vivas. À semelhança do Lisboeta nunca foi descoberto e tinha a particularidade de ter uma certa vaidade nos seus actos escrevendo por vezes a jornais contando como iria cometer o crime seguinte. Tal como no caso Português vários foram os suspeitos e vários foram aqueles que disseram ser o criminoso.


E isto leva à minha opinião pessoal sobre os desenvolvimentos recentes. Não acredito mesmo que esta pessoa que diz ser o estripador o seja de facto. Aliás, nos últimos quinze anos este já é o décimo que se assume como tal. Maluquinhos à procura de fama em casos semelhantes é coisa mais que repetida na história. Lembro-me agora do assassinato de John Lennon onde centenas de pessoas se apresentaram na policia afirmando ser o assassino.
Mais, alguém que praticamente reproduziu o crime perfeito três vezes sem deixar qualquer tipo de pista não ia agora deixar cair o pano e todos os pormenores das mortes que são referidos pelo suspeito no video do Sol podem ser lidos no romance escrito por Luís Campos "O Estripador de Lisboa".


O erro, digamos assim, de José Guedes foi ter feito referência a um crime em Aveiro que ainda não prescreveu assumindo-se como culpado. No entanto trata-se de uma morte por estrangulamento que praticamente nada têm em comum com os crimes de à quase vinte anos, não há nenhum serial killer que tenha mudado o seu método tão drasticamente. A confissão deste assassinato em conjunto com uma ameaça telefónica onde disse que voltaria a matar foi o que levou o alegado estripador a ser detido, cabe agora à judiciária apurar se foi de facto o responsável pelo estrangulamento ou apenas mais um à procura de atenção uma vez que nunca poderá ser investigado ou julgado pelas mortes das 3 prostitutas no inicio dos anos 90. É a lei e mesmo não concordando com ela - crimes com pena mínima de 10 anos prescrevem ao fim de quinze - tem de ser cumprida e nunca vai haver uma reabertura do processo. Deixo uma sugestão aos nossos legisladores, deveriam abrir uma excepção para qualquer crime de sangue, nenhum crime deve poder passar incólume muito menos aqueles onde se perdeu uma vida.

Nunca vamos saber quem foi o verdadeiro estripador de Lisboa e conhecendo como conheço as várias motivações - relembro o guilty pleasure - de um serial killer é situação que lhe baste para encher o ego.

Um pequeno à parte para finalizar, apesar de já todos termos assistido a situações semelhantes com outros temas continua a impressionar-me como uma noticia deste género serve involuntariamente de distracção numa semana em que se aprovou o mais austero orçamento da história do nosso país que a dada altura pareceu passar para segundo plano. E pegando nisto, daqui a pouco mais de meio ano temos o maior serial killer politico de sempre de novo em acção, vemo-nos na Ucrânia !