sábado, 19 de novembro de 2011

"Conheces?" "Não sei. Tem Facebook?"

As redes sociais vieram para ficar, já todos percebemos isso. Mas esperavam um tamanho subjugar humano à web ao ponto de se mudarem comportamentos e até a forma como se estabelecem as relações? Eu não, e tudo isto me "causa espécie", como diriam os milhares de avós do nosso país.

Atenção: os meus propósitos com este texto não passam por criar um "Manifesto Anti-Facebook". Não ouso ombrear com o génio Almada Negreiros, nem creio que sejam ofensas muito próprias desta digníssima rede social. Mas podemos experimentar:

"O FACEBOOK É UM CIGANO!
O FACEBOOK É MEIO CIGANO!
O FACEBOOK VESTE-SE MAL!
O FACEBOOK USA CEROULAS DE MALHA!"

Não funciona, está visto! Voltemos à crónica.

"Conheces? Não sei. Tem facebook?"

Pois bem, quem é que não disse ou ouviu esta frase pelo menos uma vez no último ano? Garanto-vos que serão muito poucos, ainda para mais neste pequeno (e cusco) cantinho à beira-mar plantado.

Confesso que sempre fui fascinado pelos grandes organismos como a CIA ou o KGB. O secretismo e a impressionante quantidade de informação que detêm sobre nós sem que nos apercebamos é incrível. Mas meus caros, vocês até podem ter acesso às conta bancárias, saber onde estamos a toda a hora. Mas saberão Vossas Excelências com quem namora aquele famoso e perigoso criminoso (até rima) e o que ele "Gosta"? Pois não sabem, toca a ir ver ao Facebook, ou ao Twitter ou ao Hi.. não, esqueçam este último!

A verdade é que comportamentos tão prosaicos como combinar-se um café para se contarem as não menos prosaicas novidades da nossa vida estão literalmente em vias de extinção. Tudo porque esta preguiçosa sociedade, com umas recentes tendências muito dadas ao conforto, prefere "navegar" pelo "mural" para "checkar" o nosso "status". Ui, tantas aspas. São as modernices da "web" (porra, outra vez) desculpem-me.

Recordo com saudade o tempo em que para sair à noite bastava uma simples frase: "Às 22h na praça". E a verdade é que toda a gente chegava a tempo, sem atrasos. Agora deixa-se uma mensagem pelo telemóvel ou pelo Facebook, o que for, a dizer que "ah e tal, não sei se poderei ir, digo-te alguma coisa logo" e andamos a enrolar (sim, porque eu não estou livre do pecado) até à hora combinada para dizer... Sssii...Nãaao! Não vai dar". Desmarcamo-nos, e nem pagamos um cêntimo pela mentira. Olha que fácil!

Entendo que o Facebook (refiro-me a todas as outras redes existentes) é um importantíssimo veículo de informação. Podemos chegar a um mar de gente muito rapidamente, estabelecer contacto com quem gostamos e está longe, divulgamos o que fazemos, reunimos contactos etc etc ETC! Sou um entusiasta das redes sociais, quando usada como deve ser. E é por isso que vos peço: não façam do Facebook um mural de estupidez! Partilhem cultura, ideias e informação! Dêm-se a conhecer pelas vossas músicas, filmes ou livros. É verdade que isso não vos vai retirar o rótulo de superficiais. Nem é isso que se pretende. Podem é ser superficiais com classe.

Uma dica: Não digam explicitamente quem são, o que fazem (de banal), quando fazem e porque fazem. Projetem a vossa personalidade, agucem o apetite de todos aqueles que partilham os mesmos gostos. É essa, para mim, a magia do Facebook.

Aliás, vou agora mesmo partilhar este meu texto na minha página. Irónico, não acham? Este foi um post com uma inspiração algo "jazzy". Aqui fica uma das canções da tarde:



PS - Querida juventude, um último pedido: quando acabarem o vosso namoro, não digam que ficaram "viúvos de". A morte dói, e deve ser levada a sério!