segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Touradas Em Viana

Foi semana de lide na cidade, na arena, na opinião dos vianenses. É de facto um tema fraturante numa sociedade que transporta tradições ancestrais para um presente evoluído. E há que contextualizar que a proibição repentina nunca resolveria o problema, levaria antes a uma contestação que só o tempo pode diluir. E realmente não existe essa necessidade, inserir a tauromaquia nos tempos que correm é um anacronismo provado pelo desinteresse das gerações mais novas. Dito isto, esclareça-se que muito antes de existir Portugal, já existia um culto ao touro. As pinturas rupestres representam-no e as civilizações clássicas mitificam a sua invencibilidade e poder. Este sentimento impele a natureza humana a provar a sua supremacia, já aí entravam nas arenas de Roma. A caça levou a um recreio de celebração da coragem, valentia e destreza do toureiro, quer queiramos quer não, entrar numa arena requere-o e não é para todos.

Chega de história e considerações. O que se passou em Viana do Castelo foi vergonhoso, sem esquecer nenhuma das partes envolvidas. A Prótoiro, promotora do evento, decidiu-se pela realização do mesmo numa autarquia que se declarou antitouradas, das poucas do país, diga-se de passagem. Isto faz transparecer um trejeito provocador e a clara busca de publicidade fácil inerente à polémica. Obviamente, a câmara indeferiu o pedido. A Prótoiro responde com uma providência cautelar interposta no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, que autorizou o evento. O argumento da câmara para o recurso foi inócuo, alegando uma violação grave do PDM, Reserva Ecológica Nacional e do Plano de Ordenamento da Orla Costeira. Irrisório porque o circo já decorreu naquele mesmo local. Também não ficaram bem na fotografia os manifestantes que, na ânsia de proteger os animais, esqueceram o civismo e as boas maneiras, perdendo a razão. A pressão e ameaças feitas sobre os comerciantes que decidiram vender bilhetes mostra a deturpada consciencialização das pessoas. Talvez ainda nos falte evoluir um pouco mais para acabar com as touradas.